O título, apresentado na fórmula simples de um sinal de pontuação, não é mero enfeite; pelo contrário, dialoga com o conteúdo da obra. Como se trata de um livro sobre a vida e seus trajetos, nada mais adequado que a caracterização do ser humano em seu predicativo ontológico de 'ser-com'. Assim, o par indivíduo/coletividade, no qual o ser humano se vê lançado desde que nasce, serve de base para a significação do título, que é, por sinal e muito embora, o mesmo de um dos poemas centrais da obra - 'Vírgula'. O nome é o mesmo, mas a significação exige distinção. O 'eu', por suas particularidades, é supostamente único, mas confrontado com o 'outro' (os outros) se vê obrigado a redefinir-se para se encontrar e se definir. 'Vírgula' é a instância à que o indivíduo pode ainda dar nome; ',', por ser conjunto, é o que não se traduz em palavras, senão em experiências do dia-a-dia, instâncias da participação do outro. Além disso, a ausência de sinais de pontuação em toda a obra calha com os instantes de vazio dessa mesma existência, à qual o 'eu' tenta dar suas respostas cotidianamente, sempre paliativas em si, limitadas, transitivas, 'vírgulas'.