e quando ouvi pela terceira vez a palavra “morte súbita”, uma lágrima começou a escorrer do meu olho esquerdo. olhava pela janela da ambulância e via todo mundo saindo da frente para eu passar. pensei em fechar os olhos e esperar deus vir me buscar. deus estava demorando, mas não fazia mal, pois eu não estava sentindo dor nenhuma, só estava preocupado com a bagunça que meus filhos poderiam fazer na cozinha, pois eles não costumavam lavar as louças depois do jantar. pensei numa rosa sobre a mesa, na sala de estar, e uma mulher de cabelos longos batendo a porta violentamente até sumir numa nuvem branca. tentei chorar pra valer, mas as minhas lágrimas se secaram. eu colocava a minha mão sobre o meu peito e não sentia a batida do meu coração. de repente eu estava caminhando num jardim de terras negras, rastros sem saída, de plantas murchas, e as rosas não tinham cheiro... antonio auggusto joão