"Imagine uma menina que invejava os moleques, tão livres, trocando as ruas lajeadas de Salinas ensolaradas, permeadas de cheiros bons, dominas, ás vezes, pela forte batida do sino (quem teria morrido) pelo Colégio Sagrado Coração de Jesus, de Belo Horizonte". Essa menina aguardou "no casarão imenso, sombrio e nu" do colégio as imagens festivas de Salinas. Talvez por causa da violência da mudança, numa idade tão plástica, a memória se perpetua nos sentidos. São essas lembranças incrivelmente sensoriais que agora ela nos traz, com o frescor intacto da infância: "meu sol, minhas comadres, minhas ruas e saudades". Pois "registrou no coração os contornos, as sombras, os cheiros, os ruídos, as vozes e o precioso silêncio" das casas, das ruas, da Matriz, da Praça do Mercado. Por isso lendo estas deliciosas narrativas, podemos voltar com ela ao lugar e ao tempo encantado, como se tivéssemos também vivido ali.