Observada em seu conjunto, a obra de Dalton Trevisan percorre uma busca permanente regida pela repetição: uma história se repete em outras, as personagens se repetem, montando um movimento que progride, mas, paradoxalmente, aponta para o retorno. Ao emular esse movimento, o autor lança luz sobre o cotidiano e nele destaca os oprimidos, fracassados, tarados, violentos, e mais uma constelação de imagens que apontam para a representação de um mundo que é o nosso, mas que nosso desejo rejeita. Trata-se de um mundo em que o homem abusa sexualmente da mulher, da jovem, da criança, a mulher seduz o homem visando ao dinheiro, à ascensão social, enquanto a narrativa vai traçando o caminho da diminuição do sujeito, cuja voz anônima se fará ouvir na saga repetida de seus fracassos.