Como o mar, as imagens destes poemas são ondas que molham nossos olhos de nostalgia, água salgada que enche nossas bocas. São ondas rebeldes que ameaçam destruir todas as estruturas. Poemas que nossos corpos suportam porque conhecemos as pancadas. Anna Clara de Vitto não escreve águas fáceis e doces. Memória e morte dialogam com uma menina e com uma mulher que trocam olhares compreensivos. Sabem uma da outra. Contam histórias difíceis, mas que na estética e no toque de Anna Clara de Vitto revelam uma grande beleza. Neste livro, afogar-se e naugrafar é desejável. Não há razão para temer. O momento de voltar a superfície chega. E com ele, a resiliência. Poemas políticos, punhos fechados de mulher. Escrita ferina. Então, toda a trajetória se fecha perfeitamente em uma obra coesa. ainda busco com o olhar na varanda do último andar maré que baixe e suba levando nossos sustos [...]