O livro O Rio de Lima Barreto: Modernização e Modernidade faz uma análise sobre a obra ficcional de Lima Barreto que levanta sua voz para um sistema que representa a classe dominante, dos privilegiados; e o Rio que o autor representa em seus contos, romances, artigos e crônicas, põe os segmentos oprimidos e dominados em seu centro, mostrando pelas mudanças, remodelações e formas de ocupação, a ação péssima e discriminatória das autoridades políticas da cidade, afastando o povo da região do centro e bairros elegantes da cidade, reservando-lhes locais precários e péssimas condições de vida. Lima revela em sua obra a segregação espacial no Rio de Janeiro de seu período, as duas primeiras décadas do século XX, ao focalizar o espaço dos ignorados da urbe, os que afastados das decisões, de alguma forma participaram de um processo que a historiografia oficial desconheceu, fomentando hiatos ideológicos. Este livro analisa grande parte da obra de Lima Barreto que se constitui em importante inventário de locais, ambientes e paisagens, bem como de personagens que compõem as cenas da capital republicana de sua época. A recomposição do Rio nos textos de Lima Barreto cobre um período de transição de ideias e valores, e levanta questões complexas e amplas como o processo de modernização e o ingresso na modernidade do início do século XX, assim como reflete a convivência conflitiva entre a tradição e o moderno, a luta entre a permanência e a ruptura dos valores de uma sociedade em crise.