Este trabalho analisa o período da Unidade Popular no Chile, a partir da atuação de sua classe trabalhadora, cuja participação significou uma das principais expressões de sua identidade e representou a faceta mais criativa do socialismo chileno. Por meio do cruzamento de diversas fontes documentais e de entrevistas, buscou-se valorizar as experiências históricas dos trabalhadores no cotidiano dos bairros operários, no ambiente de trabalho, nas entidades de classe e nas relações entre os movimentos sociais e os partidos de esquerda. O que se evidencia é que a atuação popular, a qual ultrapassou os canais institucionais de representação, assentava-se numa longa tradição política e que os trabalhadores, com base em suas próprias experiências e concepções de mundo, reapropriaram-se do projeto político apresentado pela esquerda.