Esta coletânea reflete acerca de mudanças, ou talvez alterações nos padrões de visibilidade, na antropologia realizada no Brasil. Enquanto as escolas clássicas tiveram suas primeiras gerações de antropólogos formadas em pesquisas envolvendo o deslocamento territorial para contextos onde não havia, de início, nem interlocutores acadêmicos, nem algo que se considerasse uma reflexão homóloga à que se vinha constituindo como antropologia, a antropologia feita no Brasil voltou-se inicialmente, e durante longo tempo, aos outros que se encontravam nos limites de seu próprio território político. É levando essa outra história em conta que nos debruçamos sobre os trânsitos que constituem as pesquisas aqui apresentadas, em alguma medida relacionadas com a antropologia feita no Brasil, mas que se descolam de alguma forma, em termos etnográficos e/ou teóricos, desse eixo tradicional da disciplina. Os textos aqui compilados são exemplos deste que acreditamos ser um momento de abertura para outros exteriores, trazendo um potencial renovado de crítica às categorizações a partir da análise das situações de inserção e estranhamento em contextos que provocam o deslocamento de nossas categorias.