A reivindicação de uma identidade local, a investigação das raízes e o interesse pelo patrimônio local jamais foram tão fortes. Paradoxalmente, no momento da globalização, o mundo se torna local. Na verdade, definir entidades nos seus perímetros claros, duráveis e justificados pela natureza, pelos traços culturais ou por uma legitimidade histórica, é cada vez mais difícil: mobilidade, diversidade e polimorfismo dos territórios e dos vínculos sociais, a inserção em rede das economias e a crioulização das culturas, em contrapartida, fazem emergir novas figuras, entre as quais as de um local plural. O autor propõe aqui privilegiar a análise dos processos pelos quais se realiza a relação entre a ação e o lugar. Essa análise permite enxergar os riscos contemporâneos da localização, cujas implicações políticas e sociais são consideráveis. Essa problemática se traduz em seis questões e todas têm implicações científicas e políticas: 1. A localidade será o lugar de enraizamento de sociedades necessariamente estruturadas por uma organização comunitária e pela referência a identidades? 2. Apresenta-se ela, então, como uma realidade estável ou imutável, indissociável do passado, patrimonial? 3. A mundialização da economia e das culturas, a mobilidade generalizada, o desenvolvimento do imaterial e da comunicação eletrônica colocam em questão a localidade? Esta se torna o lugar da resistência à mundialização? 4. A localidade está definitivamente ligada ao mundo do campo e da cidade pequena ou média? Será possível imaginar a localidade nas metápoles ou na Califórnia? Nesse caso, que forma assume ela? 5. O escalão local será o único possível, ou ao menos o melhor, para a gestão de sociedades cuja governabilidade diminui? Quais são as grandes características dessa gestão local? 6. Que é um território local? A partir de que critérios e com que instrumentos se pode conhecê-lo? Como produzi-lo, administrá-lo?