Os ventos do consenso e do racionalismo político pareciam, até pouco tempo atrás, soprarem por todas as partes. Não tardariam em manifestar toda a sua força e arrasar nossa empalhada pax romana. As propostas neoliberais, segundo as quais a agenda política seria logicamente derivada do fazer do livre-mercado, só conduziram à apatia política do cidadão e ao desastre financeiro. Talvez seja hora de refletir sobre algumas exigências que passaram por evidências, sobre tudo, aquelas que pensam na representação política, como delegação absoluta de poder e submissão desse cidadão. O consenso como exigência impossibilitou qualquer tipo de reivindicação que emergisse como conflito. Nosso ponto de partida é que o conflito é parte constitutiva da política entendida em termos não dialéticos de "agonismo e antagonismo", e não deve ser pensado como defeito do sistema. Qualquer democracia que aspire permanecer no tempo precisa se autoorganizar como articulação de demandas plurais. Demandas das minorias, dos movimentos sociais e dos grupos que pensam a sua identidade política não somente, mas também a partir da dissidência. Nesse sentido, o título, apesar do que a expressão "horizontes de antagonismo" possa produzir no leitor, é otimista: o que se procura olhando para estes horizontes atuais é uma radicalização da democracia, pensando novas subjetividades a partir das novas alteridades. Os textos dos colaboradores - altamente conhecidos e reconhecidos - abordam os conflitos do Oriente Médio, da educação atual, dos movimentos sociais, da participação do povo pensada em torno da desobediência, da democracia da "ciber-multidão", do totalitarismo como política encoberta, entre outros temas, a partir de autores como Antonio Negri, Carl Schmitt, Emmanuel Lévinas, Hannah Arendt, Herbert Marcuse, Martin Buber, Michel Foucault, Michel Hardt e Slavoj Zizek.