Agáloco: planta que cega, num livro de poesia por imagens. Rasgos de vermelho e músculos no vidro afiado. Também, por outro lado, um modo de transvisceração da poesia alheia em própria, ou seja, desvestimento do poema até o tutano do osso e reforma da carne nova, em gesto de ritual xamânico de morte e renascimento circular: aqui, o novo está no velho, origem e desembocadura se misturam. É de contradições, afinal, que se faz esta estreia bonita de Yuri Amaury, mas com uma maturidade rara e um projeto bem amarrado como quase nunca se vê nos baús de achados e perdidos que costumam constituir um primeiro livro de poemas. Aqui, se a poética parece buscar uma secura e contenção ainda cabralinas em sua aparência primeira, é porque é somente nos pulsos vivos do corpo que sua paisagem se desdobra (não/ é teu corpo, o teu corpo). [...]