O livro Lazer, trabalho e cultura popular: identidades e tensões em um arrabalde chamado Bangu (1895-1929) reflete a experiência de viver nos subúrbios da cidade do Rio de Janeiro, notadamente no arrabalde de Bangu. Percebe-se que ali se expressavam relações sociais distintas dos demais bairros da então capital federal. Contrariando a perspectiva de homogeneidade das vilas operárias, em Bangu havia diferenças de etnia, condição social, cor, gênero, que tinham um papel determinante no cotidiano, não só no ambiente fabril, mas desdobrando-se também nos bailes e festas realizados pelos clubes da região. Ao longo da obra, nota-se que o laborioso bairro vivenciou disputas individuais, porém não menos coletivas, por melhores salários, por posições de poder e status locais, e pela paixão clubista. Dessa forma, analisaram-se múltiplas experiências sob o olhar da diversão, e não sob algum modelo criado a priori. Pelo contrário, foi justamente a diversidade que possibilitou problematizar a fundo as redes de sociabilidades fomentadas na região, haja vista o seu protagonismo em ações objetivas e simbólicas, as quais permitiram pluralizar e tencionar um sentimento de pertencimento e identidade local. Isso posto, acredita-se que o livro possa oferecer novos horizontes para além das diversões dos centros urbanos mais conhecidos da cidade do Rio de Janeiro. Em outras palavras, explicitar que as formas e modelos de diversão sofriam ressignificações locais, as quais davam sentidos próprios conforme as suas estruturas intrínsecas.