Vaqueiros e Cantadoreseram os heróis mais populares de um Nordeste perdido no tempo, quando ainda se vivia como no século XVIII. O sertanejo mandava fazer uma roupa de casimira para durar a vida toda, ser exibida nas festas, no casamento e ser enterrado com ela. As filhas usavam os trajes das mães. Os velhos tomavam banho aos sábados, abençoavam com os dedos unidos e sabiam algumas palavras de latim. O gado se espalhava pelos descampados, reunido nas vaquejadas alegres, celebrado em romances populares, nos quais o grande herói era o boi, rebelde, desafiando o vaqueiro, glorificado pelo povo, o boi Espácio, o boi Surubim.O sertão vivia de ouvido atento às histórias dos cantadores, quase todos analfabetos, versejando velhos romances, como o da sábia e astuta donzela Teodora, daPrincesa Megalona, da Imperatriz Porcina, com as suas figuras clássicas da tradição medieval: cavaleiros andantes, virgens fiéis, paladinos cristãos; os testamentos de Judas em pé-quebrado (espécie de quadra, quase sempre de sete sílabas); os A.B.C., contando a gesta de um touro, um bode, uma onça suçuarana; os pelo-sinais e orações satíricos, todos eles documentados e estudados com insuperável conhecimento por Luís da Câmara Cascudo. Os desafios entre os grandes mestres paralisavam a vida ao redor e ficavam perpetuados na mente do povo. Muitas vezes, os sertanejos se cotizavam para promover esses encontros. Os cantadores famosos do sertão, cujas biografias Cascudo registra Inácio da Catingueira, Francisco Romano, Rio Preto, Leandro Gomes de Barros, Francisco das Chagas Batista, tantos outros, gozavam de imensa popularidade e fixavam em seus versos, como reportagens vivas e palpitantes, a vida do sertão, seus santos e cangaceiros, padre Cícero e Lampião, unidos pela mesma admiração, a admiração que o sertanejo tem pela bondade e pela coragem.Vaqueiros e Cantadores eram os herois mais populares de um Nordeste perdido no tempo, quando ainda se vivia como no seculo XVIII. O sertanejo mandava fazer uma roupa de casimira para durar a vida toda, ser exibida nas festas, no casamento e ser enterrado com ela. As filhas usavam os trajes das maes. Os velhos tomavam banho aos sabados, abencoavam com os dedos unidos e sabiam algumas palavras de latim. O gado se espalhava pelos descampados, reunido nas vaquejadas alegres, celebrado em romances populares, nos quais o grande heroi era o boi, rebelde, desafiando o vaqueiro, glorificado pelo povo, o boi Espacio, o boi Surubim. O sertao vivia de ouvido atento as historias dos cantadores, quase todos analfabetos, versejando velhos romances, como o da sabia e astuta donzela Teodora, da Princesa Megalona, da Imperatriz Porcina, com as suas figuras classicas da tradicao medieval: cavaleiros andantes, virgens fieis, paladinos cristaos; os testamentos de Judas em pe-quebrado (especie de quadra, quase sempre de sete silabas); os A.B.C., contando a gesta de um touro, um bode, uma onca sucuarana; os pelo-sinais e oracoes satiricos, todos eles documentados e estudados com insuperavel conhecimento por Luis da Camara Cascudo. Os desafios entre os grandes mestres paralisavam a vida ao redor e ficavam perpetuados na mente do povo. Muitas vezes, os sertanejos se cotizavam para promover esses encontros. Os cantadores famosos do sertao, cujas biografias Cascudo registra Inacio da Catingueira, Francisco Romano, Rio Preto, Leandro Gomes de Barros, Francisco das Chagas Batista, tantos outros , gozavam de imensa popularidade e fixavam em seus versos, como reportagens vivas e palpitantes, a vida do sertao, seus santos e cangaceiros, padre Cicero e Lampiao, unidos pela mesma admiracao, a admiracao que o sertanejo tem pela bondade e pela coragem.Com erudição e simplicidade, mestre Cascudo conduz o leitor por uma viagem inesquecível ao mundo dos vaqueiros e cantadores. Os heróis mais populares de um Nordeste perdido no tempo, quando as vaquejadas eram celebradas em romances populares e em histórias de cantadores, e os desafios entre os grandes mestres paravam a vida ao redor.