A concepção de que a identidade de um indivíduo está ligada à sua aparência, construída a partir de determinada organização de vestimentas, materiais ou objetos, signos evidentemente de grande poder de comunicação, parece ser, segundo a autora, herdeira de formas arquetípicas da expressão humana. A maneira de se representar um rei, uma rainha, um carrasco ou um assassino pode ser lida sob esse ponto de vista. Neste livro, no entanto, aparência não deve ligar-se diretamente à noção de estereótipos; remete antes à ideia de design de aparência, ou seja, não à representação propriamente dita do objeto, mas à sua sugestão. É esta ¿estratégia¿ de persuasão que irá colocar em movimento, no imaginário do receptor da arte, todos os substratos da cultura que lhe permitirão apropriar-se de seu conteúdo. Os modos de construir a aparência de atores que figuram em diferentes formas de arte ¿ no teatro, em performances, na televisão ou no cinema ¿ são estudados por Adriana Vaz Ramos. Suas análises nos levam a perceber as nuances presentes nessas formas de representação e desafiam nossa sensibilidade, pois compreender o design dessa aparência é apreender da obra o seu espírito.