Uma das dimensões mais inusitadas do modelo de licenciamento ambiental brasileiro é o fato de que as instâncias responsáveis pela contratação dos Estudos de Impacto Ambiental são as próprias empresas interessadas na realização da obra geradora de danos ambientais. Estes estudos dependentes dos interesses corporativos devem conter um componente “socioeconômico”, via de regra realizado por sociólogos e antropólogos que buscarão caracterizar os grupos sociais potencialmente atingidos e propor medidas compensatórias que supõe-se capazes de restaurar o dano causado. Raquel Giffoni procura entender como o capital não apenas se apropria de recursos ambientais e territórios existenciais em sua espiral de acumulação, mas também se esforça porneutralizar as múltiplas resistências locais, através de um trabalho micropolíticoposto em prática, em parte, a partir do trabalho de cientistas sociais...