Numa obra em dois tempos, Rüdiger Safranski narra no Livro Primeiro (O Romantismo) a história do Romantismo, seus expoentes, seu ideário, sua evolução e desenlace. Retrata uma época de gênios em floração em torno de um formidável grupo de talentos. No Livro Segundo (O Romântico), analisa de forma crítica e briosa o que sucederia a esses ideais tão garbosamente alardeados por seus propagadores iniciais. Nos conta a trajetória do "Romântico" e muitos outros que personificaram e estabeleceram sua herança artística e intelectual. Novalis, um dos expoentes mais vistosos do Romantismo, o aborda da seguinte forma: "Ao dar um sentido elevado ao comum, ao dar ao usual uma aparência misteriosa, ao conhecido a nobreza do desconhecido, ao fugaz uma aparência de eterno, assim é que eu os romantizo." Como disse Safranski em artigo no jornal alemão Die Welt, o Romantismo pode ser visto como um sistema contra a monotonia e o que ela tem de corolários: a consciência do vazio, o abismo da futilidade e do nada. As receitas romantizadoras de Novalis darão conta desse enfado reinante, que em última análise vai ter com o horror vacui de Kant? Essa monotonia toda feita de ócio (e aí entram a contemplação estética, a volta à natureza, as rodas poéticas, festas e demais liturgias românticas) é o verdadeiro inimigo e a ameaça concreta para uma geração que perdeu suas crenças antigas, mas que nem por isso se acomodou com a nova "tirania da razão", embora louvasse os arroubos da França revolucionária, antes de se voltar inteiramente contra ela nas guerras de libertação antinapoleônicas. Mas aí os românticos já trilhavam sua recaída místico-religiosa e partiam rumo a valores mitológicos germânicos (O anel dos nibelungos...), já longe da busca do eu pregada notadamente por Fichte. Agora imperava o "nós" de uma nação alemã em acelerada formação e imperiosa autoafirmação.