O fenômeno do Estado é instigante e permanente. Por mais que se dediquem os pensadores a desvendá-lo, são infindáveis as vertentes de exploração de seu conteúdo. A Democracia continua a ser uma aspiração revestida de utopia. A participação popular é virtual e sem consistência. O Estado precisa ser repensado em todas as latitudes e seu redesenho não prescinde à atuação efetiva dos cientistas éticos. Nesse panorama, o livro de CINTHIA ROBERT é oásis para saudável reflexão pois propicia o reexame de temas recorrentes. Restabelecer a razão das coisas, reproduzir os percursos da formulação humana rumo a edificação do Poder legítimo, enfatizar que o Estado é mero instrumento posto a disposição das criaturas para que estas atinjam suas finalidades básicas é prioritário. Para tanto se prestou a pesquisa e a resultante concentração de espírito da autora. O resultado de seu entusiasmo é obra madura, que alerta para os riscos do autoritarismo, sempre a espreita e pronto para protagonizar a fênix apocalíptica indesejada por todos. O remédio é desenvolver um senso crítico apto ao desempenho da verdadeira cidadania, cujo estágio inicial é o apreço pelo pacto fundador, tão decantado na retórica, tão relegado na prática. O amor à Constituição como compromisso para um convívio de tolerância e de paz é a lição extraível deste livro, que prega a participação consciente, ferramenta de uso contínuo, sem a qual Democracia e Constituição continuarão a ser meros frutos de vazia eloqüência.