Escrito há vinte séculos, boa parte deste texto se perdeu, e os fragmentos que resistiram até os nossos dias foram remontados em discussões que se arrastam desde a Idade Média - e no entanto a ironia e a linguagem refinada de Petrônio permanecem ali, intocadas e cristalinas. A identidade do autor também se prestou a grandes especulações - o 'Satíricon' seria uma vingança contra Nero e seus asseclas, a quem Petrônio, um alto funcionário do Estado, teria traído numa conspiração fracassada que o levaria ao suicídio. Segundo essa versão fantasiosa, o 'Satíricon' teria sido redigido em poucas horas, enquanto o autor se esvaía em sangue, depois de cortar os pulsos. O destino do manuscrito, a quase milagrosa preservação da íntegra de um de seus 24 livros originais e de alguns fragmentos esparsos, as discussões sobre a identidade do autor e a datação exata do texto - há muitos detalhes interessantes e rocambolescos na história do 'Satíricon'. Em tradução do latim por Cláudio Aquati, a edição procura sublinhar a extensa linhagem literária engendrada por Petrônio, que o leva muito além das fronteiras dos estudos clássicos e da literatura antiga. O livro inclui ainda sugestões de leitura e quinze imagens com objetos do cotidiano, situações evocadas na obra e um mapa com o trajeto dos personagens, tanto na parte perdida como na parte remanescente.