A atual situação do modelo de desenvolvimento global, notadamente no que se refere ao uso intensivo dos recursos naturais, vem acelerando os níveis de degradação e provocando um perigoso desequilíbrio entre os ecossistemas. Com isso, chega a inviabilizar a permanência de muitas espécies, incluindo os homens, em determinados habitats. Apesar da ocorrência de muitos arranjos legais, institucionais, econômicos e socioculturais no sentido de considerar a finitude dos recursos naturais, a mola propulsora desse modelo ainda incentiva o uso desmedido desses recursos, o que poderá levar, ainda no curto prazo, ao colapso total de alguns sistemas. As estratégias de desenvolvimento utilizadas pelo atual modelo de desenvolvimento revelaram-se fundamentalmente limitadas em sua capacidade de promover um desenvolvimento equânime e sustentável. Para contribuir no sentido de viabilizar mudanças, este livro procura retratar a importância da incorporação de novos princípios para o desenvolvimento, bem como de instrumentos e práticas relacionadas com a gestão ambiental. Tais instrumentos podem proporcionar uma melhor compreensão dos problemas gerados por diferentes demandas e entendimentos do uso dos recursos naturais. Neste sentido, muitos instrumentos hoje disponíveis poderão operar uma gestão eficaz e efetiva. Além disso, a incorporação de novas práticas negociadas e inovadoras poderá abrir perspectivas para uma nova forma de uso e de interação dos homens com a Terra. É a partir dessas interações que se podem estabelecer as estratégias para a mediação de muitos conflitos que afloram em função de disputas locais e regionais em torno dos recursos naturais. Portanto, se as principais situações de conflito na sociedade moderna são inerentes à própria convivência social, novas práticas possibilitam a incorporação de mecanismos capazes de mediar, amenizar ou resolver disputas, uma vez que expõem situações de embates entre atores e variáveis envolvendo o meio ambiente. As estratégias e as técnicas de mediação têm, portanto, o objetivo de evidenciar os elementos definidores dos conflitos. O desafio que a presente coletânea quer refletir diz respeito a como estimular e legitimar a participação de atores importantes nos processos decisórios de gestão ambiental, crescentemente pautados por uma lógica de co-responsabilidade na prevenção e solução de problemas, conflitos ou disputas.