Apesar de sua incontestável importância e influência na arte brasileira, o modernismo, como todo grande acontecimento, cria em torno de si histórias e interpretações que beiram à mitificação. Tadeu Chiarelli parte do polêmico episódio entre a jovem pintora Anita Malfatti e o então crítico de arte Monteiro Lobato, em 1917, para fazer uma pesquisa detalhada de reconstituição dos efervescentes anos que antecederam a Semana de 22. O autor revê algumas lendas criadas pelos próprios participantes do movimento, corroboradas por estudiosos do assunto nas décadas seguintes, em especial a fama de mau crítico de Lobato. Chiarelli analisa de forma imparcial, isto é, fora da disputa entre modernistas e pré-modernistas, os artigos sobre arte do escritor, publicados em periódicos no início do século XX. São levantadas questões cuja discussão é fundamental para a revisão de parte do passado cultural brasileiro.