O conto que dá nome ao livro é uma carta do Dr. Shawmut à gentil senhorita Rose, a bibliotecária alvo de sua chacota. Muitos anos depois da piada, exilado por razões legais, ele se penitencia e passa em revista toda sua vida. Uma torrente de revelações de um homem velho e em crise. Aliás, esse é o forte de Bellow. Os personagens de suas histórias são imigrantes. Comerciantes, famílias simples de bairros de classe média de Chicago, como o próprio Bellow, filho de judeus russos que imigraram para os Estados Unidos. E com freqüência encontram-se em crise, seja existencial, intelectual, financeira ou amorosa. Assim como em seus romances, nos cinco contos de “Trocando os pés pelas mãos” o mais importante não é o enredo, mas sim a riqueza do texto, muitas vezes sobre coisas banais.