Este livro (o segundo do autor sobre Clarice Lispector) não é só um livro sobre a obra da escritora. É, ao mesmo tempo, um livro que trata da teoria da crítica biográfica. Daí entender que a crítica acaba sendo uma crítica autobiográfica cultural dos dois sujeitos em análises: do escritor e do crítico. Veja-se esta passagem: “o crítico biográfico não é aquele que decifra o enigma do texto, ou do autor, mas aquele que sabe articular o texto com o paratexto, a ficcão com a não-ficção, a obra com a vida e vice-versa, na tentativa detetivesca de alargar a produção daquilo a que chamamos leitura. A escrita do imaginário biográfico relembra os fatos da vida em seu processo e os reinventa, dando a eles uma marca de verdade até então não percebida”.