"Na década de 1980, quando comecei minha vida escolar, aos 7 anos, ainda não existia pré-escola na região de São Sebastião de Belém, Santa Maria de Jetibá (ES), comunidade onde eu morava. Praticamente desconhecíamos o português. Aliás, todas as pessoas com quem convivíamos falavam somente o pomerano, tanto no domínio privado como nas interações fora dele. Em qualquer situação, o ingresso na escola gera ansiedade e expectativa nas crianças. Comigo também foi assim, mas o medo em relação a aprender e praticar uma língua diferente, desconhecida da que eu usava em casa, agravou essa ansiedade. Embora já estivéssemos em 1982, ainda ressoavam as pressões de assimilação da cultura dominante, resquícios da medida de Vargas proibindo o uso de línguas estrangeiras no espaço escolar. Nesse primeiro contato com a escola, minha reação foi de estranhamento. Inúmeras preocupações fervilhavam na minha mente: como eu daria conta de aprender a falar uma nova língua e também de assimilar todo o (...)