Escrito em apenas três meses, O Ateneu, de Raul Pompéia, é considerado o maior romance brasileiro do século XIX depois das obras realistas de Machado de Assis. Foi publicado em capítulos no jornal carioca A Gazeta de Notícias, entre 8 de abril e 18 de maio de 1888, e, devido ao reconhecimento imediato, foi editado em livro no mesmo ano. Seu enredo consiste na recordação do período de dois anos em que o narrador, Sérgio, passa num tradicional colégio interno do Rio de Janeiro. O ingresso no Ateneu marca as descobertas amargas que acompanharão o narrador daí em diane, os sentimentos de desilusão, opressão e desconfiança, componentes da profunda solidão humana. O romance enfoca a educação intelectual, a integração social e a afirmação sexual de Sérgio e de seus colegas: o dissimulado Sanches; o injustiçado e vingativo Franco; o atlético Bento Alves; e o enamorado Egberto. Entre eles, o sentimento de amizade é maculado pelos impulsos primitivos. Daí o tom da narração ser o de um ressentimento constante. Difíceis de definir, o estilo e o significado do romance geraram uma das mais profícuas polêmicas da história da nossa literatura, apresentada e antologizada cronologicamente no Posfácio pelo organizador Caio Gagliardi.