O repouso absoluto do universo sob o olhar do monge virtuoso. A imobilidade tensa, retesada, do samurai que encara a própria morte. No Paraíso, o esplendor; no nosso mundo terreno, a inconstância, a crueldade, as paixões. O amplo espectro das emoções humanas encontra nestas histórias, escolhidas pelo próprio autor entre suas mais importantes, uma expressão universal e, ao mesmo tempo, marcada pela visão de mundo japonesa. “Morte em pleno verão”, de Yukio Mishima, capta a vida e a mentalidade do Japão moderno através de um prisma próprio, original. Seu lirismo e ironia, o tom sereno ou intenso de seus contos retratam de modo sensível e penetrante os dilemas existenciais dos personagens. O amor corre ao longo de todo o livro: visível ou subterrâneo, carnal ou sublimado. Mas a emotividade desenfreada, contida por uma ritualização dos sentimentos, dá lugar a atitudes nobres e desprendidas. São as polêmicas idéias políticas do autor, transformadas em genuína obra de arte.