Este trabalho tem como objetivo rever algumas imagens da cidade luso-brasileira nas narrativas de viagem de autores franceses e britânicos, que foram muitas vezes incorporadas pela historiografia. O autor procura em algumas definições do gênero da literatura de viagem, maneiras de compreender como se formam as imagens conceituais sobre a cidade brasileira e como o espaço urbano serve, neste período, como um espelho da alteridade entre a Europa civilizada e polida e os territórios de administração ou origem portuguesas, considerados decadentes e bárbaros, no período de superação dos vínculos coloniais e de criação do Estado Nacional brasileiro. O objetivo do trabalho não é reconstituir uma suposta realidade das cidades, como elas eram quando visitas por estes viajantes, mas verificar como questões de discurso, de estilo e teorias prévias, trazidas em suas bagagens, condicionam a descrição das experiências do mundo tangível.