Luis Manuel Fonseca Pires traz agora a público um ensaio sobre liberdade, igualdade e fraternidade, princípios esses que sintetizam o programa de toda uma ordem social. Luis Manuel Fonseca Pires, neste ensaio, soube, de maneira precisa, didática e harmoniosa, através de uma "prosa reflexiva sobre fragmentos do caminho da humanidade" contextualizar esses três princípios na perspectiva do Estado de Direito, relacionando-os ao serviço público. Aborda "liberdade, igualdade e fraternidade" como valores, virtudes, que, entrelaçados, se fundem e confundem a outro valor igualmente almejado e perseguido, a justiça, que os abarca e concretiza. Nesse sentido, Luis Manuel destaca a atividade do serviço público como um instrumento de satisfação direta e imediata dos direitos fundamentais, entre os quais avulta a dignidade humana. O serviço público existe porque os direitos fundamentais não podem deixar de ser satisfeitos. Valendo-se de um inteligente recurso metodológico, faz um paralelo entre a trilogia de Kieslowski - "A liberdade é azul", "A igualdade é branca", "A fraternidade é vermelha" -, o movimento da Revolução Francesa e o período do Terror que a sucedeu. Ao mesmo tempo em que remete a inúmeras reflexões sobre liberdade, tolerância, responsabilidade, respeito à manifestação do pensamento, proteção à propriedade, livre arbítrio, igualdade, equidade, fraternidade, perdão, recomeço, solidariedade, promoção da justiça, o autor destaca a flagrante contradição na aplicação desses valores pelos revolucionários, que, travestidos, passam a ser aplicados com o sentido de revanche, indiferença, autoritarismo, intolerância. Assim, liberdade passa a ser sinônimo de liberdade para caluniar e reprimir ("lei dos suspeitos"), igualdade e justiça passam a ser identificadas com vingança, fraternidade transmuta-se em desconfiança, intolerância e ódio.