Neste longo fim do Império da Mercadoria, com a sua decadência a fazer do mundo uma acelerada sucessão de ruínas, ruínas exteriores e interiores, as crenças religiosas e o pulular das seitas respectivas são o icebergue da irracionalidade devastadora que hoje constitui a ideologia deste Império - que dos homens fez escravos chamando-lhes cidadãos. O cristianismo, invenção ocidental de um modelo de domínio, pelo mito "humanizado", inaugura assim o absolutismo das idéias invertidas através de uma falsificação organizada. A sua história é obviamente incompreensível sem as heresias que sempre suscitou, e que muitas vezes, materializadas em insurreições populares, puseram no terreno das exigências imediatas a comunidade dos bens, a abolição geral das hierarquias e o mais livre pensamento.