Construído à maneira de uma conferência de três dias sobre o tema da ironia, Paris não tem fim (título de um dos capítulos de Paris é uma festa, de Ernest Hemingway) é um divertido e melancólico relato ficcional e autobiográfico do espanhol Enrique Vila-Matas sobre o exílio voluntário de dois anos em que alugou, patrocinado por seus pais, a água-furtada de Marguerite Duras, durante o período da ditadura franquista. Artistas, escritores, cineastas, intelectuais e travestis exilados na capital francesa nos anos 1970 acompanham o jovem aprendiz de romancista pelas ruas, festas, cafés e livrarias em que se dá sua formação . ou .deformação., como sugere a orelha de Cassiano Elek Machado. A estrutura fragmentária e o humor de Paris não tem fim trazem de volta ao leitor brasileiro a fina literatura do Vila-Matas de Bartleby e companhia e O mal de Montano.