O que pode a muamba de uma infância? Com este livro, Maria Eduarda nos convida a vislumbrar um processo: desde o roubo, até o desaparecimento dos vestígios de sua muamba. Diz ela: eu escrevo com a pele, do raso exposto, fútil, tosco, sujo, das formações sutis, do que não cheguei a ser. Ela escreve desde o hiato, do buraco negro de onde tudo sai e onde tudo se reencontra, ao mistério e à delicadeza que corre nos tubos, onde toda a merda junta é um motim, uma ética, uma floresta, inteiramenteindiferenciável. Do abismo de dentro, composto por fragmentos de vida e morte, provindos dos gritos da pulsão vital de quem insiste. muamba é o estilhaço, aquele caco que só existe no momento da queda, cujo corte de um andarilho desavisado resulta no sangue exposto, sangue que corre na veia de todos os desterritorializados, de todos os que caminham, que vendem e são vendidos. Aqui, a trans-ação que movimenta a vida está guardada em cada palavra e serve de escambo aos que se lançam à feitiçaria (...)