Edward Gordon Craig ocupa uma posição paradoxal entre os renovadores da cena moderna, pois, sem dúvida, é um dos principais e, talvez, dos menos compreendidos deles em seu contexto de época. A radicalidade de suas ideias e primeiras encenações em Londres no início do século XX não encontraram então o devido eco em meio a uma vida teatral intensa, mas guiada sobretudo por padrões estéticos consagrados pela bilheteria. Essa defasagem converteu-o, por um momento, em uma referência algo exótica, mas pouco prática. A natureza dessas propostas, aliada ao seu temperamento em que o traço excêntrico se aliava ao gosto pelo desafio e o combate, acabaram por isolá-lo do seu universo teatral nativo. No continente, porém, suas colocações tanto cenográficas como da arte do ator levada ao extremo na supermarionete começaram a se infiltrar em grupos de vanguarda no plano do desempenho e das concepções cênicas.