Este livro debruça-se sobre a forma como se processa a transmissão dos traumas coletivos através do ensino em diferentes espaços e momentos históricos do século XX. Ultrapassa aquelas crônicas históricas que se alicerçam no mito dos vencedores como representantes do bem que estão a lutar contra o mal. O fato de esta obra ter sido concebida e realizada no Brasil permite apresentá-la livre de servidões às ideologias dominantes dos Estados nação em que esses traumas coletivos ocorreram. Além disto, permite descrever e compreender melhor as condições extremas que as pessoas tiveram de experienciar e não se conformam com simples e reconfortantes categorias de bom ou mau, culpável ou não culpável. O fato de o território onde se edita esta monografia estar fora dos espaços em que se desenvolvem a maior parte dos traumas coletivos assinalados não quer dizer que não exista uma cultura sobre esses traumas coletivos que chegam a ele através dos media e/ou de traduções, tanto em formato de livros como em produtos audiovisuais. Por isso, é preciso que o Brasil fale e reflita sobre o que aconteceu no mundo com uma voz própria porque o que recebe de fora sobre conflitos traumáticos nem sempre se adequa às necessidades de transmissão na educação do país. Sendo assim, esse livro sobre como sociedades modernas e maduras, por meio da educação nas escolas, possuem a responsabilidade de alertar sobre qualquer dogmatismo dos aparatos ideológicos dos Estados que através do uso da força e do poder excluam pessoas consideradas diferentes.