A Educação e a Memória são os instrumentos de libertação e cidadania. Nosso país tem um clássico de contar a história que o Estado deseja que seja ouvida e crida, com heroísmos atribuídos aos Bandeirantes, o Grito da Independência, a Proclamação da República. São instrumentos próprios do Estado para moldar a mentalidade dos cidadãos e fazer com que esses acreditem que o Estado é revestido de glória e nobreza. Porém, a história, sem em ajuste e revisão, mostra por verossimilhança que esse heroísmo e braveza ocultam os horrores de um organismo que tem por hábito perseguir, torturar e matar seus cidadãos, algo que ganha grande destaque durante os anos da ditadura civil-militar, uma criação dos militares feita por encomenda da sociedade civil. O Brasil, de fato, é um dos campeões na violação de Direitos Humanos no mundo até os dias atuais. Mulheres assassinadas e violentadas, negros exterminados, jovens privados de direitos como educação, alimentação e desenvolvimento, indígenas tratados como uma sub-classe. Essa é a realidade brasileira, um país que devora sem compaixão seus próprios filhos, mas maquia a verdade com um heroísmo que, na verdade, é terrorismo. Portanto, resgatar e criar mecanismos de Memória são meios de enfrentar os crimes do passado, lutar pelo fim das atrocidades do presente e assegurar a construção de um futuro no qual a palavra cidadania não seja privilégio de uns poucos que compõem a ativa aristocracia brasileira. Enfrentar nossa própria realidade, que não é tão bela como ouvimos falar, pode produzir liberdade, igualdade e justiça.