Imagina-se muitas vezes a tarefa de comparar o espanhol e o português brasileiro como a de apropriar-se de duas realidades já dadas e passar a observar suas semelhanças e diferenças. A simples possibilidade de mal-entendidos lança por terra essa imagem: a semelhança passa a ser apenas relativa, tanto por razões formais quanto por razões históricas e ideológicas que atravessam as línguas, e o estudo do espanhol mostra-se, então, absolutamente indispensável para fugir dos arremedos cotidianos de brasileiros fazendo de conta que falam essa língua. Este livro assume um determinado gesto interpretativo, nem único, nem definitivo, nem infalível, para abordar questões e recortes dessas duas línguas históricas que ora se aproximam, ora tomam rumos contrários. Essa inversão percorre praticamente todas as temáticas aqui abordadas, sobretudo quando o tema é a referência de pessoa nas duas línguas e tudo o que a ela está vinculado.