Machado de Assis: um escritor de múltiplas linhagens. Algumas delas ele próprio consolidou pelo legado de sua literatura, que difere da derradeira negativa de seu defunto autor, Brás Cubas. Outras foram reavivadas por ele. Exímio leitor, Machado conhecia a tradição ocidental como poucos, fato que se comprova pela profusão de referências literárias em suas obras. No capítulo CXII de seu sexto romance, Quincas Borba (1891), Machado, sob a voz do narrador em terceira pessoa, explicita uma das linhagens que mais afluíram em sua produção literária: a tradição do romance autorreferencial e satírico, que remonta a Miguel de Cervantes, na Espanha, e passa por Henry Fielding e Tobias Smollett, na Grã-Bretanha. O próprio Bruxo do Cosme Velho reconheceu a importância do autor de Dom Quixote (1605, 1615) para a interpretação de seu romance. [...]