Este livro traz uma narrativa que usa o tom biográfico para aumentar a tensão. Fica-se com a impressão de que o autor conta sua vida. O protagonista menciona os três livros publicados, demonstra a consciência de estar escrevendo sua melhor obra, elege o que não o influenciou, descreve sua precária existência a partir da Lagoa da Conceição, em Florianópolis, emite opiniões literárias em meio a churros, pesadelos com codornas, kichutes e orgias com Sol e irmãs gêmeas. É uma história do que poderia ter acontecido, ou do que talvez tenha acontecido na imaginação, onde o personagem central, ilhado no bangalô de Frank, sobrevivendo às dispensas da mãe e de favores, cronometrando os malditos barquinhos da orla. Um cara tão cheio de preconceitos, que paradoxalmente parece não ter preconceitos.