Polêmico, esse livro parecerá apenas como acréscimo. A psicanálise tem um inimigo: a religião do sentido, o sentido da religião, escandalosa equivalência cuja definição Lacan havia dado. Doravante, o texto de Lacan, com freqüência percebido como legado do pai morto, mais que como letra viva a ser transmitida, se resolve como ideologia ou como logomaquia escolástica. Este livro nada mais é, portanto, que uma operação de desnudamento, de desobstrução da estrutura do sentido que tolhe a transmissão da psicanálise, com o que isso faz sobressair como possibilidade de leitura nova do texto, texto do analisante, texto da história deste século. Então, serão expostos à critica, sucessivamente e num escândalo mantido, diversos - ismos que, de modo algum, a psicanálise tem por missão aceitar ou agregar: um certo lacanismo que se tornou pronto-pra-não-pensar, o institucionalismo das instituições psicanalíticas, um certo feminismo, sonho de integração das mulheres, um judaísmo que está perdendo sua língua. Isso não se dará sem que, igualmente, nos últimos capítulos, seja questionado o Mal-estar na civilização.