O que é que dá aos meios de comunicação, especialmente à publicidade e à televisão, o seu extraordinário poder sobre as nossas vidas, que até o mais entediado e sofisticado de nós se sente perturbado e fascinado com a sua sedução? O segredo, segundo Richard Stivers, neste seu novo e brilhante livro, reside na curiosa relação entre tecnologia e magia. Aparentemente, a tecnologia e a magia deveriam estar em pólos opostos. A tecnologia é entendida como sendo racional, científica e eficaz, enquanto a magia é tida como irracional, supersticiosa e ineficaz. No entanto, Stivers argumenta que a tecnologia e a magia, embora separadas e distintas, estão agora relacionadas uma com a outra de tal forma que cada uma delas assumiu características da outra. O seu desacordo é que as nossas expectativas em relação à tecnologia se tornaram mágicas ao ponto de terem gerado uma multidão de tecnologias de imitação que funcionam como passes de mágica. Estas tecnologias de imitação têm florescido nos campos da psicologia, administração (ou gestão) e nos meios de informação e o seu objectivo primordial é o ajustamento e o controlo humano. Os anúncios publicitários e programas televisivos, em especial, contêm os rituais-chave da nossa civilização. Numa fascinante análise da programação televisiva, Stivers mostra como os diversos géneros - notícias, desporto, espectáculos de diversão, telenovelas, "sitcoms", etc. - têm os seus símbolos mitológicos distintos. Por meio de informação dramatizada eles fazem, simbolicamente, a ligação entre bens de consumo e serviços e os resultados desejados - as metas utópicas de sucesso, felicidade e saúde - envolvendo assim tecnologia tanto real como imaginária, num casulo mágico.