Há mais de 20 anos venho praticando meu ofício: escuto histórias de sobreviventes de processos de mortes. Pessoas que buscam ajuda para lidar com suas perdas concretas ou metafóricas, tais como: a morte de uma pessoa significativa, tentativas de suicídio, relacionamentos amorosos desfeitos, mudanças no status financeiro, frustrações de desejos não realizados, aposentadorias compulsórias, mudanças abruptas dos papéis sociais, saída dos filhos crescidos de casa, o fim de cada etapa da vida e, além disso, a perda da vitalidade física, seja por alguma patologia ou pela própria senescência. Um encontro com tais vivências demanda um tempo de elaboração, de reorganização: o luto. Um processo psíquico de (des)construção da presença e (re)construção da ausência, um trabalho de transformação de si mesmo que na atualidade integra a categoria dos fenômenos interditados, juntamente à morte, à dor e ao sofrimento. O deprimir-se em função dessas experiências é considerado desagradável e não (...)