De todos os livros que Manoel publicou, este é o mais abertamente inspirado na linguagem libertária e transformadora do universo infantil o que faz leitores e leitoras de todas as idades encontrarem o eco de seus sentimentos mais profundos em seus versos. Daí vem sua força e sua singular capacidade de inspirar e emocionar. A infância, para Manoel de Barros, funciona como uma espécie de lente pela qual ele reorganiza o mundo. Não à toa, as crianças permeiam todo este Compêndio para uso dos pássaros, a começar pelos próprios filhos do poeta, saudados nos primeiros dos treze poemas do livro: o primeiro é inspirado nos poeminhas pescados na fala de João, seu primogênito; o segundo, A menina avoada, é dedicado à filha Martha; e o terceiro, O menino e o córrego, ao caçula Pedro. Na brincadeira com as palavras e seus múltiplos sentidos, o poeta nos sensibiliza para o mundo natural, do qual muitas vezes nos desconectamos. Esta sua narrativa tão singular tem o poder de ressignificar [...]