Esta é uma história atravessada pela morte e pelo riso. Vinte e quatro horas pouco mais, pouco menos cobrindo o período entre o último suspiro e o sepultamento. Aos que ficam resta o espólio, ou antes, o problema do espólio. O luto, parte integrante do patrimônio deixado pelo falecido, pode ser vivido no seu devido tempo, sem a urgência que a propriedade dos bens demanda dos vivos. Vítima de uma morte súbita, filho de uma tradicional família da elite política e econômica, virtual proprietário de um futuro promissor, o defunto não passa de figura secundária do próprio velório. Antes mesmo do enterro, a família se digladia para conter as consequências da morte prematura e inexplicável do jovem parente, além da luta que cada um empreende para garantir o seu quinhão. Figura escorregadia que conhecemos ou desconhecemos pela visão contraditória dos familiares, mesmo morto, o defunto parece escapar aos visitantes do velório e, talvez, aos leitores. A pergunta não cala desde a (...)