A psicanálise como discurso crítico sistemático sobre a cultura e força transformadora da sociedade. Edição com capa nova e posfácio inédito do autor, 10 anos depois de sua primeira edição. Depois de toda guerra []// Alguém tem que deitar ali/ na grama que cobriu/ as causas e consequências,/ com um matinho entre os dentes/ e o olhar perdido nas nuvens. Como se nos lembrasse os versos de O fim e o início, da poeta Wislawa Szymborska, Joel Birman, em Mal-estar na atualidade, ressalta a importância da existência de um tempo-espaço imbuído de potência analítica e transformadora da realidade. Ao promover o encontro entre as observações de Sigmund Freud em O mal-estar na civilização e o pensamento de Jacques Lacan sobre a ética da psicanálise e os seus desdobramentos políticos, Joel Birman reafirma a ideia de que, mais do que um método terapêutico, a psicanálise é um discurso crítico sistemático sobre a cultura. É também lugar subjetivo privilegiado para a reconexão do indivíduo (e, por isso, para a reconexão da sociedade) com a verdade, de maneira que seja possível experimentar a realidade (com todos os seus prazeres e suas dores) e, de maneira radical e revolucionária, transformá-la. Nesse processo de construção artesanal de um estilo de existência caracterizado pela singularidade e pela diferença como Birman registra , o sujeito se assemelha ao poeta que, ao buscar o nome das coisas desde a raiz, empreende uma escrita-vida singular. E dessa forma, a psicanálise, da mesma maneira que a poesia, surge como um caminho de vida possível, no sentido oposto ao da barbárie. Esta edição foi acrescida de posfácio inédito do autor, 10 anos depois de sua primeira publicação. O livro se organiza em quatro partes: A psicanálise e seus impasses, As novas formas de subjetivação, As subjetividades e as drogas e A violência e seus destinos.