Era como acordar com um piano tocando as escalas da mais bela música. Me sentia estranha, conhecendo o desconhecido e conseguindo tocar cada nota. Tentei me levantar, mas estava sem forças; ao cair no chão me deparo com a realidade de que nem tudo é tão fácil, nem mesmo em um conto de fadas. Poderia meu reino ser o mais belo de todos, com suas argolas de prata guardando chamas da vida. Mas mesmo assim eu vi a peste nascer e devastar cada alma, apagando as chamas com facilidade. Nunca pensei em como seria acordar ao lado de meu amor. Mas no dia em que eu veria seus olhos a me olhar, esperando que eu acordasse. Me veio a mesma música e levou-o de mim. Nos olhos negros de meus pais vi desespero, no grito de meus amigos senti dor. E vi meu amor inquieto por não poder me dar um único beijo de despedida, aquele que ele sabia que seria o último. Fiquei trancafiada em uma sala escura, apenas com uma bolinha para jogar na parede. [...]