Todos os dias, ao olhar pela janela de seu apartamento, o cartunista Uberti avista uma charmosa praça, situada na confluência de três ruas. É cotidiano deste largo com nome de nobre que o humorista narra nestes cartuns que compõem o livro Graça na praça. O belo chafariz da praça Marquesa de Sévigné é o grande protagonista destas páginas: nele as pessoas fazem piquenique, as pombas repousam e as crianças brincam. O olhar observador do cartunista imortaliza o cotidiano de crianças, cachorros, bêbados, vendedores de pipoca, transportando todos os tipos que circulam por aquela área para o mundo do cartum. Um belo registro do dia a dia da cidade, construído com grafite, nanquim e muito humor. Como o vanguardista Georges Perec que, em 1975 decidiu registrar 24 horas de tudo o que acontecia em uma praça parisiense na tentativa de "esgotar o local", Graça na praça traça, desenha e conta a história de uma de um local. Como diz o cartunista Fraga sobre Uberti, "já não dá pra dizer se é ele que é um observador privilegiado ou se a praça que tem o privilégio de ser observada por ele".