O autor aborda a centralidade dos pobres e marginalizados e das pessoas em situação de sofrimento em geral. É a característica mais marcante e o aspecto mais determinante do ministério pastoral do Papa Francisco. Eles ocupam o centro de suas preocupações, de sua agenda, de suas homilias, de seus discursos e de suas orientações pastorais. E estão no centro de seus gestos mais impactantes e proféticos. Não são apenas uma questão ou um tema entre outros, mas constituem o coração mesmo de sua vida e de seu ministério. A ponto de se poder reconhecê-lo e nomeá-lo como homem/bispo da misericórdia, no sentido de ter o coração cheio dos miseráveis deste mundo ou de dar o coração aos miseráveis deste mundo. Captar a densidade teológica desse fato e, sobretudo, aceitá-la e assumi-la com todas as suas consequências teológicas e pastorais não é nada evidente, nem simples, nem tranquilo. Na melhor das hipóteses isso aparece como consequência da fé ou como desafio pastoral, mas não como o mais central e o mais determinante da fé. Em linguagem teológica convencional, bem ou mal-intencionada, seria uma questão pastoral (importante, necessária), mas não uma questão dogmática (essencial e fundamental). E esse é o ponto que nos interessa aqui. A insistência de Francisco na centralidade dos pobres, marginalizados e sofredores na Igreja, não é algo conjuntural nem secundário, mas algo constitutivo e determinante de sua identidade; uma dimensão e uma verdade fundamentais da fé.