A cibercultura, entendida não apenas como questão tecnológica, mas como atitude da sociedade contemporânea, capaz de gerar impactos socioculturais ainda pouco estudados, manifesta-se por meio de uma linguagem sincrética, que opera com desenhos, gráficos, figuras, cores, palavras, sons, movimento etc. Qualquer que seja o suporte em que se concretiza, a linguagem multissensorial dos novos meios passa a modelar e intermediar relações em que o corpo do homem se dobra aos efeitos, encantos e tentações da máquina. A pesquisa nos campos da Semiótica, da Linguística e da Comunicação não pode deixar de considerar tais questões e deve deter-se na análise da relação entre o impacto tecnológico representado pelas mídias digitais e a correspondente novidade social gerada pelas formas de interação propostas. Os artigos reunidos neste livro não só discutem questões ligadas às formas de manifestação do hipertexto e ao papel do suporte digital, mas também debruçam-se sobre a necessidade de redimensionar e questionar conceitos como os de texto, enunciação e interação. Para além disso, questionam a produção de mitos como o da universalidade do acesso à rede e o da abertura infinita do hipertexto. O leitor encontrará aqui uma discussão rica e complexa, que tanto questiona certos mitos quanto estabelece novas balizas teóricas para a leitura, interpretação e compreensão do funcionamento discursivo dos novos meios.