Em Atrás da Vidraça o poeta maranhense Samarone Marinho incursiona por uma espécie de poética ausência: perda, infância, envelhecimento, muros, precariedades. Ou, de repente, um olhar que recupera o mundo, que sustenta sua esperança, como o olhar de uma riança, ou de um gatinho num metrô. "Eu", "Nós", "o mundo", "o outro": sempre circunstanciais, mas sempre plausíveis acima do que o silêncio da poesia pode balbuciar. Num mundo vertiginoso, em que o tempo passa mais depressa do que às vezes percebemos ("pra que querer saber as horas / se os dias são mais velozes / que a clarividência do olho"), é preciso o olhar clarividente de um poeta para decifrar - em versos consisos ou mesmo em prosa - os enigmas da nossa contemporaneidade.