Este é um livro que incomodará qualquer leitor amante dos direitos intelectuais a questionar seus pontos de partida, suas precompreensões (em termos heideggerianos), suas premissas implícitas (ascarellianamente falando) ou sua ideologia (na polêmica lupa marxista). Polemista e bom pesquisador, Maurício não será indiferente ao amante do Direito, exatamente porque assimilou a lição de Grau para quem [n]ão se interpreta o direito em tiras; não se interpretam textos normativos isoladamente, mas sim o direito, no seu todo (GRAU, Eros Roberto. Direito Penal Sob a Prestação Jurisdicional). Entre tantos recortes interessantes, Maurício propõe (a) solução para o empate teórico entre aqueles que atribuem natureza proprietária à parcela patrimonial dos direitos autorais, aqueles que vaticinam tratar-se de um exclusivo sui generis e aqueles que imputam a essência de monopólio; (b) dura crítica às correntes flexibilizadoras pro societatis aos direitos patrimoniais do autor/titular, demonstrando as fragilidades argumentativas para quem propõe a ignorância do texto legal como arquétipo funcional; e (c) um estudo mais profundo do compáscuo imaterial também conhecido como commons.