Se você está vivendo ou conhece alguém que vivencie situações de violência conjugal neste momento, este livro poderá te interessar. Nele, a autora descreve o horizonte histórico no qual foram sendo forjadas as relações afetivas e conjugais, no âmbito das quais tudo concorre para que a violência contra a mulher siga silenciada e protegida em toda a parte. As práticas e discursos que compõem a malha sócio-cultural na qual vivemos são tão eficazes, que levam as próprias mulheres a acreditarem que merecem apanhar, serem estupradas, xingadas, vigiadas, ameaçadas, exploradas e humilhadas por aqueles com os quais convivem diariamente e a quem tentam, com frequência, proteger. Cercadas de olhos e ouvidos que não querem ver suas marcas nem escutar sua voz ou seus gritos, seguem sozinhas na multidão que reafirma, a cada instante, que devem permanecer onde estão. Ou procuram ajuda, furam o bloqueio do silêncio e do isolamento, exigem políticas públicas de qualidade e recebem o apoio da comunidade, como aconteceu com Ana e Maria. Mulheres reais, que contam como decidiram dar um basta na violência que marcava suas vidas e seus casamentos, reassumindo o tear da própria trajetória. Se você faz parte desse grupo, não se cale: procure ajuda. Acredite, é possível interromper o ciclo do medo e da culpa que marcam a sua vida nesse momento. Saiba que, se o casamento não é sinônimo do final feliz dos contos de fadas, também não precisa ser o inferno consentido e perigoso das agressões.