Ainda durante esse olhar, em seu corpo, um mundo ou um livro já está em gestação. As palavras chegam ao papel assim como em um diário, ainda com a quentura do corpo. Por isso elas nos parecem tão vivas e tão íntimas. Neste belo livro de poesias, a autora nos proporciona a sensação de estarmos em movimento com ela, tentando capturar os instantes. No percurso visitamos lugares: pontes, casas, redes, travesseiros, salas, abismos e corações. Nós, leitores, seguimos as pistas na velocidade de nossa respiração. Aliás, por traçar diferentes disposições para as palavras, Renata nos indica ritmos e, por que não, melodias. Pausas. São as pequenas revoluções que valem mais. No coração do escorpião mora o perigo me deixou em estado de alerta, lembrando-me, a cada momento, de que viver é perigoso. Ao dobrar uma curva, não sabemos se será terreno plano ou um abismo que nos aguarda. Saltar voo deles é uma pequena revolução. Ficar de pé na beira também. A mesma disposição é necessária, seja (...)